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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A Feldade: um novo conceito de beleza

Extrair do bruto diamante todo o encanto do brilho é lapidar o espírito da paciência. Mas, o homem hoje se rende a falta dela e tenta de qualquer forma apagar qualquer resquício do ocultável. Assim é a estética corporal e suas fórmulas milagrosas. A máscara é um utensílio indispensál e o artificial (na tentativa de nulificar o imperfeito) dá lugar ao que há de mais misterioso: a capacidade do homem buscar um meio de não ser feio. A insatisfação se torna um sentimento necessário e as pessoas exageram, chegando até a morte. Mas o belo é preciso, porém aonde se encontra a beleza. Para buscar uma resposta, tenta-se delinear a atitude feia de ser, o pecado de se deixar passar pelos anos sem utilização de “renews” ou cremes que apagam as incorreções. É possível que, algum dia, a feiura deixa de ser um capricho e se torne uma exigência em extrema beleza.

SER FEIO
A feiura é uma virtude para poucos
Ninguém é feio porque quer
É estado de graça
Momentos e nacos de felicidade imperfeita
Para ser feio
Não é só rasgar as roupas do dia
cuspir e arrotar
É preciso mover sua própria conveniência
Pra tudo aquilo que não está no atual
Fazer valer seu espirito nobre
De vestir tudo ao contrário
E perceber que és uma exclusão ambulante
E ver que isso não é defeito
É uma dádiva, um desbunde, um sexo
Uma trepa bem dada
Saia com a roupa mais rasgada
E mais horrível
E veja que a feldade é algo tão comum e singelo
Como dar pipoca aos pombos da praça
Mostre para a patricinha e para o Maurição
Que vo0cê é tão linda(o) que ofusca os olhos
E faz com que afaste os olhares
Olha, a garota de Ipanema é feia!
Ela não tem nada que os olhos não afaste
A feiura é um perigo, uma transgressão, uma subversão
É tortura
A feiura não está na liquidação
Mas no esquecido do brechó
No deposito, sempre a espera da compra
Da sua expectativa inseparável
A feiura é o elmo dos heróis feios
E dela que se faz a sua piedade
E a sua comoção
Ah, feiura
Me acompanhe até a morte
A terra, as minhocas ficarão satisfeitas


CAIKO FIGUEIREDO
Rio de Janeiro, 23 de Abril de 2008

1 comentários:

Prezado blogueiro, isto não é "feldade", mas fealdade. Fealdade está associada ao feio; feldade, ao fel. Aliás, "feldade" não existe oficialmente na língua portuguesa.

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